segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Herberto Helder

Nasceu em 1930 no Funchal, ilha de Madeira, no seio de uma família de origem judaica.
Em 1948, matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra e, em 1949, muda para a Faculdade de Letras onde frequenta, durante três anos, o curso de Filologia Romântica, não tendo terminado o curso.
Em 1958 publica o seu primeiro livro - O Amor em Visita.
Durante a sua vida viajou muito e viveu em vários lugares: Lisboa, França, Holanda, Bélgica, Antuérpia, Angola (onde trabalhava como um repórter de guerra), Inglaterra, os Estados Unidos. Visitou também Espanha e Dinamarca, percorreu as vilas e aldeias do Baixo Alentejo, Beira Alta e Ribatejo. Trabalhou nas inúmeras profissões - na Caixa Geral de Depósitos, como angariador de publicidade, meteorologista, propagandista de produtos farmacêuticos, redactor de publicidade, operário no arrefecimento de lingotes de ferro numa forja, criado numa cervejaria, cortador de legumes numa casa de sopas, empacotador de aparas de papéis, policopista, encarregado das bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, redactor de noticiário internacional na Emissora Nacional, nos serviços mecanográficos de uma fábrica de louça, como co-gerente e director literário numa editora, repórter de guerra, tradutor. A última referência encontrada da instabilidade biográfica de Herberto Helder refere-se ao facto de o poeta ter abandonado todas as suas anteriores actividades e de viver no mais cioso dos anonimatos.


Quanto às suas vinculações literárias, Herberto Helder é considerado um dos introdutores do movimento surrealista em Portugal nos anos cinquenta, de que mais tarde se viria a afastar. Participou na organização da revista Poesia Experimental, assim como na organização e edição da revista Nova que, sendo posterior à revolução de 25 de Abril de 1974, reconhecia na Literatura portuguesa características que a aproximaram às Literaturas latino-americana, africana e espanhola, declinando uma direcção literária revolucionária cuja actividade não ultrapassou o plano teórico devido à instabilidade política portuguesa que se fazia sentir na altura. À sua variedade biográfica corresponde uma variedade literária, uma vez que a sua poesia atravessa várias correntes literárias.
Desde 1958, publica as suas obras com uma certa regularidade, embora algumas das publicações sejam as reedições das obras já publicadas, o que acontece sobretudo com a sua poesia (Poesia Toda - 1º vol. de 1953 a 1966; 2º vol. de 1963 a 1971; reedição em 1973; Poesia Toda - 1ª ed. em 1981; Ofício Cantante, mais uma edição de Poesia Toda - 2009). Os seus poemas têm sido "depurados" ao longo dos anos.

E é este "depuramento" que desperta o meu interesse particular, mesmo que não consegui encontrar uma informação mais detalhada sobre o tema. No entanto, para mim este procedimento do poeta madeirense representa o que Douwe W. Fokkema considera uma das principais convenções modernistas, isto é a convicção de que o texto nunca é definitivo. «Se o texto não se pode considerar definitivo e completo, a noção de final torna-se relativa; (...). Aparentemente, o texto nunca está completo, e pode ser sempre continuado, reelaborado, aperfeiçoado e até revogado» (Fokkema 1983 : 30). Parece-me que o que Herberto Helder faz com as sucessivas edições da sua poesia se inscreve perfeitamente nesta convenção modernista, ou até é esta mesma tendência levada ao extremo.



Fontes:
FOKKEMA, Douwe W. (1983) História Literária. Modernismo e Pós-Modernismo. Lisboa, Vega.
http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/helder/biogra.html
http://triplov.com/herberto_helder/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Herberto_H%C3%A9lder

2 comentários:

  1. Mh, é verdade que é uma tendencia pós-moderna e além disso é uma estratégia de marketing ótima. Apesar de ter preocupação estética, esta perticularidade, ou especificidade do autor constituem um bom tema de pesquiza, é estranho que não encontraste nada desta área. Acho que seria muito interresante ver, parafraseando R.Wellek o que faz H.Helder H.Helder.

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  2. Um bom apanhado de várias páginas da Internet. Gostaria que tentasses descobrir algo mais sobre a sua decisão de entrar no anonimato, afastando-se dos meios de comunicação social. Quando e porque é que isso terá começado?

    Gostaria também de ver algumas informações biográficas mais actuais. Onde está o autor agora? O que faz?

    Talvez este blogue te possa ajudar?

    http://aaventurainterior.blogspot.com

    E esta entrevista?

    http://aaventurainterior.blogspot.com/2008/10/entrevista-herberto-helder.html

    E por fim, que comentasses a ideia de "estratégia de marketing" avançada pela A.Wilk

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