terça-feira, 9 de novembro de 2010

O fundo de um labiríntico poço

Para colocar mais um grão na areia do que já foi dito sobre as refrências e as comparações às obras de arte das quais todo o livro Os Cus de Judas de Lobo Antunes é entretecido (os comentários e as sugestões de interpretação pode-se encontrar por exemplo no blogue da minha colega Agata), adicionado um pequeno fragmento da crítica do livro feita por também já citado senhor Ricardo Turnes:

«Serve-se de palavras duras, agressivas, de frases excessivamente longas, sórdidas, carregadas de adjectivos e referências culturais dispersas, construídas de forma a nos empurrarem a atenção para o fundo de um labiríntico poço de funcionalismos metafóricos.» (o sublinhado meu).
Isto significa que o autor apropria-se das metáforas, usa as comparações para construir este labiríntico poço de referências culturais inimaginavelmente diversas e para chamar a nossa atenção a isso que fica no fundo.
Mas o que é que está lá e porque para o autor importa tanto que dediquemos atenção àquilo? Para mim, isto continua ser um enigma. Talvez a intenção do escritor era que o permanecesse... Será que alguém já descobriu a solução?

4 comentários:

  1. Pois é, é um enigma mesmo cativante e que sem dúvida constiui uma característica marcante da sua escrita. Eu já apresentei algumas sugestões nos os outros blogues que têm a ver com traumas, anamorfose e Oscar Wilde :-)

    É preciso ir além da percepção do labirinto, porque não creio que constitua tanto um labirinto. Não nos perdemos, as referências são precisas e bem localizadas. Sabemos como encontrá-las. A expressão "labiríntico poço de funcionalismos metafóricos" parece-me mais bonita e vaga, do que propriamente verdadeira para falar da escrita de António Lobo Antunes :)

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  2. Wow, Zé, estas um fã apaixonado do blogue da Ola, comentário as 5.45 :P

    Voltando a litratura eu acho que mais do que umlabirinto deveriamos falar de uma construção barroca, bem trabalhada, de uma escultura-romance, poema, metáfora, que dentro de sim esconde uma pérola-sentido.

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  3. E para mim a escrita de António Lobo Antunes é como uma floresta com uma senda principal. Passeando, às vezes desviamos dela, porque há tantas plantas interessantes para ver e tantos animais escondem-se atrás dos árvores (por exemplo as referências culturais)... E, infelizmente, não vamos ver tudo, é impossível (para mim por exemplo o jardim zoológico permanece um mistério), mas podemos apreciar o que vemos, e somos capaz de captar o ambiente desta floresta de palavras, de frases longas e complicadas.

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